segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Gestação

Sinto-me como uma gestante. Estranha essa ideia de tempo... Blog parado faz 5 meses e só agora me deparei que durante todo esse tempo não me dei ao trabalho de publicar nem uma coisinha sequer, nem um textinho, um poeminha, uma letrinha de música, qualquer besteirinha. Meu Deus, tanta coisa aconteceu durante todo esse tempo... Amei, desamei, despertei mortos, enterrei outros, recebi belas mensagem, enviei outras nem tanto... Sim, você poderia ter testemunhado tudo isso mas te deixei de fora, acho que por descaso ou por falta de tempo, essa porra de motivo escroto que uso pra me redimir comigo mesmo, ora bolas! Não sei se prometo novamente visitar-te com frequencia, nem acredito mais em mim (meus amigos que o digam...). Sei lá, vale a pena tentar, vale mesmo... É como dizia sei lá quem: "Um livro de poesias dentro da gaveta não vale merda!". Gosto de sentir minhas ideias fluirem, tranbordando seus limites. É, é isso mesmo. Vou tentar de novo. Recomeçar. Provar que pode dar certo. Bem vindos novamante, terráqueos! A casa está aberta para apostas. Façam as suas.
Até breve.

Orvalho

(Para Bernardo e Mônica)


Menina

consegui superar

aquela solidão

Decidir libertar

meu pobre coração

dos abismos vorazes

que surgem em teu olhar

Não quero mais

a tua companhia

pois hoje sei

que tudo que procuras

é a minha

pobre alma

para sugar sem piedade

meus sonhos de outrora

e as minhas

ilusões

Mas não adianta

já me protegi

das tuas armadilhas

Decidi buscar a poesia obscura

do mundo

Ressuscitar a beleza escondida

nos olhos da doce vida

cotidiana

Voltei

e

quem sabe

não te encontro por ai...

(espero que sim...)

Até breve!


domingo, 15 de julho de 2007

Novidade...

Voltar a escrever sempre é bom. Anima, dá disposição, rejuvenesce. Mantenho o dito: Quem ainda passa por aqui pra trocar uma idéia ou matar o tempo, sintam-se a vontade. Para os novatos, bem-vindos.

Divirtam-se...

Ordem & Caos

Ela já não suportava mais aquilo tudo...

O cheiro era insuportável. Tudo, absolutamente tudo, fedia a podridão. O lixo acumulava-se já no portão de entrada como que anunciando aos visitantes o estado deplorável daquela construção. Imensas manchas acinzentadas cobriam as paredes, todas elas, impondo ao ambiente uma densidade gótica, porém em sintonia com as pessoas daquele lugar... as flores, as árvores, os animais... pareciam conectados, imbricados por uma teia venenosa que os roubava a energia, a vontade de viver. Motos-vivos, o que eram. Todos eles.

Exatamente nesse dia resolveu chegar um pouco mais cedo. Tomar um banho demorado, acender um cigarro, beber umas doses a mais, afinal de contas, as coisas haviam melhorado. Emprego novo, novo amor, vida menos carregada. Stones na vitrola, banheira na temperatura certa, mesa posta. Questão de minutos, segundos talvez. Tudo depende do referencial, pensou. Podíamos viver todos os dias nesse ritmo leve, manso. Para ela, aquele instante mostrava-se infinito, divino. Preferiu esquecer disso, tinha medo que algo de ruim estragasse sua noite. Felicidade, o que cultivaria. E só.

Perfeição. Dificilmente alguém não exclamaria tal afirmação ao passar por aquelas portas colossais. Pureza, leveza, imensidão. As cores em consonância com as formas, as texturas... nem mesmo alguns dos palácios mais belos dos séculos passados poderiam agregar tamanha imponência. Desde a primeira passada, desde o primeiro olhar sentia-se uma emoção cáustica, suprema, indecifrável. Tudo, tudo ali, diante dos olhos daquela gente magistral... Príncipes, o que eram. Todos eles.

O peso daquelas sacolas quase lhe partiu os ombros. Pedras, era o que carregava. Na verdade, o que sempre carregou, toda a vida, dia após dia. Depois de jogá-las no meio da sala, lembrou-se de respirar um pouco, poderia até sentar-se alguns minutos não fossem os gritos pavorosos vindos da sala clamando-lhe a presença. Vagarosamente, como um sábio que desperta depois de anos em sono profundo, deslocou-se até lá, estendeu os braços lembrando um profeta e fez com que tudo fosse silêncio novamente. Naquele instante, foi como se o universo por inteiro ouvisse suas clemências, suas súplicas viscerais. Tudo se fez nada, então. De príncipes a plebeus, da podridão a pureza, tudo. Anjo, o que era. E só.

Felicidade, estado permanente de alma...

terça-feira, 19 de junho de 2007

Alguém já me disse um dia: " a inspiração é um monstrinho filho da puta, desses que pentelham nosso saco até não mais o suportamos e dai.... já era". Não entendi muito bem no momento o que isso significava ( acho q ainda n entendo...) mas estou com uma impressão ultimamante: alguns eventos me afastaram de mim mesmo e, principalmente, do(s) meu(s) outro(s). Sei lá, deve ser coisa da lua, não sei... Escrever tá meio difícil e peço até desculpas aos q ainda procuram esse recinto pra trocar uma ideía ou simplismente passar o tempo. Mas vou ver se resolver meus problemas de gestalt (heheh!! bjs, Clara!!)
À propósto, tô tirando da gaveta outro poema... Espero q gostem.


Beijos,

e até breve!

Pensar é transgredir

(Para Márcio Lucena)

Sobre o que posso

escrever

nessa triste

e fria

manhã de agosto?

Pássaros?

Carros?

Amores?

Escondo meus

sentimentos

pois o espelho

da sala

me assusta

Contemplar

é ter a oportunidade

de ser Deus

nem que seja

por poucos

segundos

Fala

Pensa

Põe na mesa

teus medos

e

aflições

Busca o

excremento

pois é lá

que se

esconde

o pífio

segredo

desse medroso

universo

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Tô melhorando....

É, até que minhas estatísticas estão melhorando... Já postei duas vezes em menos de 1 mês!! Assim é que a coisa anda!!
Mas hoje tô trazendo um texto novinho em folha. Fiz dia desses quando estava conversando com uma grande amiga (beijo pra vc, viu?) e ela me falou de uns problemas estomacais e tal... Parece loucura mas quando ouvi esse nome (Flora), foi como se uma daquelas luzinhas dos personagens de desenho animado tivesse acendido na minha cabeça! Bem legal isso, adoro esses estalos! Então, sem mais blablabla, olha o bichinho ai!!

Ps.: Devido a problemas de saúde, consegui bolar uma nova série para meus textos!! Cara, tô muito feliz e vou ficar mais ainda se conseguir pôr em prática a ideia q estou na cabeça (surpesa...). Em breve vem novidade ai... Agurade(m)!!

Flora, você está morta!

Olha pela janela, conta mais outro. Agora são oito... não, nove! É, nove postes contabilizados. Todos eles brancos, límpidos, como espadas de luz fincadas naquele chão de concreto. Imagina um mundo sem postes, sem luz nem concreto. Tudo escuro, negro, apagado. Ausência e vazio. Silêncio. O locutor avisa sobre uma promoção que sorteará ingressos para uma baladinha no fim de semana. Mais uma canção é anunciada em seus ouvidos. Ela prefere mudar de estação, aquela não mais a agrada. Porém rapidamente percebe que as outras rádios se parecem bastante com a que ouvia. O mundo e suas coincidências... Tudo é realmente ao acaso? Aquele ônibus, aqueles postes, o sorriso do motorista seguido do bom dia quando subira na condução... Pasteurização... Uma maquete gigantesca... Decidiu descansar.

Enquanto estava de olhos fechados, não pensava em outra coisa se não naquela visita sombria. A secretária, os móveis, a sala de espera... E se não fosse verdade? Afinal de contas, nenhum relatório é absolutamente perfeito. Ele ali, por detrás daquela redoma de mármore não poderia ser Deus. Deus é um cara mais ocupado, não fica por ai destruindo os sonhos das pessoas... Sonhos... Será que aquele homem os tem? Se os possui, poderia imaginar o quão dolorosos para mim seria escutar tal diagnóstico! É, vai ver ele realmente não é humano, mas uma máquina... Malditos cientistas! Como é mesmo a frase... algo como “produzimos nossos próprio coveiros”. Deixa pra lá, não há nada o que fazer. Flora, você está morta. Um belo nome de filme, não seria? Mas por que logo eu? Sempre me cuidei direitinho, nada de excessos, exercícios regularmente, blá, blá, blá. A vida é mesmo um saco! Agora sinto como se um polvo me sufocasse por dentro, seus imensos tentáculos a digerir-me por inteiro... Bela metáfora para algo tão trágico, deprimente. Flora, você está morta. Opa, chegou a minha hora. Pediu parada e desceu.

Caminhou até a porta de casa como se levitasse. Sentia-se purificada, límpida. Tudo é tão diferente. Olhe essas cores, esse céu, as crianças com toda a inocência de uma idade tão bonita... Estou tão poética... Mas por que logo comigo? Se eu soubesse que iria ser assim... Pensando bem, que graça teria se eu já soubesse de tudo? Aço que não posso reclamar. Como é mesmo aquela outra frase... Ah: “Vim, vi e venci”. Belíssimo epitáfio! “Ela, que veio a essa vida, viu os obstáculo e venceu-os”. Imagino a reação das pessoas que vierem visitar meu túmulo.

Depois de abrir as portas de casa, prepara seu banho. Agora era hora de higienizar seu corpo, prepará-lo para a eternidade. Lembrou dos rituais egípcios, admirava-os. Respeito ao corpo e a mente, ao físico e ao espiritual. O que devo fazer agora? Sentar e esperar meu destino? Debater-me e chorar copiciosamente? Algumas das duas opções servirá para alguma coisa? É preciso esclarecer: Flora, você está morta.

Decidiu, então, deitar-se. Não esperaria por nada, nem choraria, nem escreveria carta de amor ou ódio, não repudiaria seu passado, nem seu presente. Não pediria clemência aos céus nem castigos eternos ao inferno. Não recordaria os momentos bons, nem os ruins. Aguardaria calmamente o desfecho de tudo aquilo, a resolução, o ato final. Afinal de contas, a única verdade existente no mundo naquele momento seria: Flora, você está morta...

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Atualização (pô...)

Rapaz, tá fogo isso aqui. Um amigo meu disse, dia desses, q se eu naõ mudar meu nick no msn (lá diz q o blog está atualizado...) vai me processar por calúnia e difamação!! Em homenagem a vc, grande homem, tô postando outro textinho das antigas, do tempo q eu ainda... Ah, deixa pra lá... Essas coisas de idade só complicam... hehehe. Vamo nessa q se n o bonde para!! (Ps.: Tô acabando de digitatar um outro texto q fiz dia desses em homenagem a uma grande amiga minha. Aguardem...)

Conversa de Barbearia

Tudo bem, devo concordar que o título não é lá essas coisas. Afinal de contas, mais parece plágio da antiga expressão já consagrada no país do futebol, da cachaça e, por que não dos mensalões e mensalinhos: Conversa de botequim. Porém, afirmo que a constatação trazida por mim nesse texto é de extrema importância. A barbearia, espaço de valia inigualável para a intelectualidade mundial, sofre com o descaso dos estudiosos e das autoridades locais. Mas ainda há esperança.

Quem, mesmo nos áureos tempos de criança, não teve os cabelos cortados por aquele senhor de sorriso aberto, bigode bem aparado e mãos rápidas como uma lebre? Para mim, no entanto, não passava de um assassino muito bem treinado, capaz de cortar-me o pescoço a qualquer momento. Lembro-me bem de todas as birras e mal-criações; todos os empurrões bem aplicados. Pobre Seu Souza... E o melhor de tudo é que, sempre no final de toda aquela sessão de tortura, ainda eram oferecidas saborosas guloseimas. Que premiação!

Contudo, ao passar por essa tempestuosa e necessária fase (diriam os psicólogos...), comecei a enxergar a figura do bondoso e paciente barbeiro com outros olhos. Transformara-se em uma espécie de sábio, um profeta. Ainda não há quem consiga me explicar como conseguem conversar sobre tantas coisas! Se o assunto é futebol, sabem de todos os resultados do fim-de-semana. Política (vale ressaltar: Internacional e Nacional!), economia, fofocas das novelas... Quanta disposição! Acho que por isso não há quem resista a uma boa prosa de fim-de-tarde acompanhada daquele cafezinho bem quente que só lá é servido.

Bolsões de vida. Guetos humanísticos. Em um século marcado pela instantâniedade dos sentimentos, pelos encontros virtuais e efêmeros, uma relação baseada em sorrisos e apertos de mão parece algo fora de cogitação. Fica a deixa: Preservemos a Barbearia, tão cheia de vida que até o próprio nome já ordena: RIA.

domingo, 18 de março de 2007

Mais poesia!!

Silêncio

Lá no fundo

do vazio

ainda há

uma

voz

Não perturba

nem aterroriza

Ela nos ajuda

a superar

as fobias tristes

as quais

herdamos

dessa tumultuada

modernidade

Contudo,

cuidado:

Ame o

silêncio

mas

não aceite-o

como eterno

companheiro

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Probleminhas...

Como diz o título, tive pequenos contratempos que me impediram de postar durante um bom tempo. Logo quando eu tinha me comprometido com o blog, caramba!! Mas deixa pra lá... Tô pondo mais um texto e pretendo colocar depois uns vídeos, músicas e links pra uns sites bem interessantes. Pra que ainda tem paciência, lá vai!!


Relato de uma morte Anunciada

Mais uma vez, sobe o morro com o último suspiro de vida que lhe resta. Seu nome é ignorado perante os que lhe temem, sua idade, mesmo sendo pouca, é respeitada por seus inimigos. Não possui perspectivas, muito menos sonhos. Objetivos: estratégicos, para garantir a sobrevivência. Segura firme sua espada forjada de ferro, suor e lágrimas. Não acredita em futuro, passado, presente. Vive o hoje, o agora, o já. Bem vindo ao inferno, gritam lá de cima seus companheiros. Nesse momento, baixa a cabeça e faz uma prece. Roga pelo bem de sua família, pois sabe que esse poderá ser o último sopro de existência para sua incontável e indesejada presença num planeta tão hipócrita e assassino.



sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Poesia

Tive contado com a poesia através de grandes figuras, como Bernardo Coutinho, Cristóvão, João Henrique, Cristiane e outros amigos e amigas tão dedicados a essa belíssima arte. Que bons espíritos os iluminem!



Passa

Mas não disfarça

Essa indiferença

Essa solidão

Pensa

Mas não dispensa

Uma boa briga

Uma confusão

Pisa

Mas não atina

Que sua preta

Já deu no pé

Chora

Mas já é tarde

Chegou a hora

adeus, José!

...

Passe

Pense

Pise

Chore

Adeus, José!

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Até que enfim!!

Rapaz, tava tentando atualizar esse blog há um tempão!! Mas chega de lamúrias!! De agora em diante toda semana adionarei material novo no blog, sem enrrolação.
Ainda percorrendo os sombrios abismos de minha memória virtual, mais um textinho "das antigas"...

Quando os heróis envelhecem

Como a finitude é cruel. Desejamos ser eternos, inacabáveis. Almejamos o sucesso infinito, o brilho nunca ofuscado. Envelhecer dói. A morte do velho companheiro, as lágrimas que escorrem sobre as já mofadas fotografias... O tempo é absoluto. Engole-nos feito um dragão.

Pior ainda é saber que seu herói envelheceu. Isso mesmo: heróis envelhecidos. Para qualquer criança, esta idéia pareceria loucura, devaneio:

- Heróis na envelhecem, diria uma delas em tom de revolta. Isso até a algum tempo, para mim, também era claro como a água. Porém, vi com esses olhos que, brevemente, a terra há de comer, uma figura tristonha, senil, cansada. Era ele. Carregava em uma das mãos a bengala e, na outra, o batido casaco. De início, não quis acreditar. Jurei que o que estava ali era apenas um senhor de idade, um simples mortal. Mas não era. Parou, lentamente se virou em minha direção e olhou-me fixamente. Aqueles olhos eram inconfundíveis. Não esbocei reação. Fiquei estático, apreensivo. Ele, com muita destreza, caminhou vagarosamente com auxílio de sua bengala até minha pessoa. Cansado, respirou um pouco e disse em voz muito baixa:

-Não está me reconhecendo?

-Claro! Claro que estou!

-E por que a surpresa?

-Não sei... Achei que... Você sabe... Ficar velho não fosse coisa de herói.

-Todos pensam isso. Não o culpo. Quem dera fosse verdade... Mas a realidade é dura. Dura e cruel. Sim, nós envelhecemos. Envelhecemos quando nos tornamos desnecessários. Quando a humanidade progride e esquece suas raízes, que somos nós, acabamos assim, meramente mortais.

-Mas e as crianças? Elas não procuram mais por vocês?

-Meu amigo, a quem interessa saber sobre velharias? Esses jovens não ligam mais para a fantasia, pois tudo hoje é desvendado. O mistério da vida teve fim.

-Sabe o que é o pior disso tudo?

-O que?

-Tenho que concordar com você...

-Vai ver que é por isso que você também envelheceu... Bem-vindo ao clube!

-Tem uma bengala dessa aí sobrando?

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Recordar é (sobre)viver

Encontrei esse texto numa das esquecidas gavetas que minha memória costuma revisitar de vez em quando...

Evangelho Rural

Amanheceu. Não aquele despertar bucólico com flores, pastores e musas. Uma simples manhã para um simples cidadão do campo. Ele levanta-se com a mesma esperança e dedicação dos dias anteriores. Sabe que seu sustento depende unicamente de sua força e vitalidade.

Ao transitar por sua pequena residência, nada muito luxuoso- um quarto, algumas tralhas, sua mulher e filhos- procura os apetrechos necessários para manutenção de sua ferramenta mais importante: seu corpo. Lava-o, alimenta-o e o reveste com a armadura desgastada de um cavaleiro da colheita.

Após se equipar devidamente, espera sua condução. Trata-se de um coletivo nada confortável, com velhas poltronas e um antigo rádio cedido gentilmente pelo já mui cansado motorista. Durante o percurso, o fatigado operário rural ouve melodias em estranhos idiomas mas, mesmo assim, as cantarola quase que mecanicamente. Seus pensamentos fazem referencia a quase nada, apenas ao receio de não mais ser útil e necessário ao seu superior.

Destino alcançado, desembarca ele em seu campo de batalha. Nada de descanso, apenas corte colheita corte colheita, o dia todo, todo dia. Com a foice na mão esquece aquele tenebroso juízo no qual tornara-se inválido. Lembra-se agora de seus muitos filhos, da depauperada esposa, dos sonhos que nunca alcançou, das possibilidades futuras, de tudo. Tenta com isso evadir-se daquele universo escravista que suga como um vampiro suas limitadas reservas energéticas.

Fim de tarde. Já bastante exausto, segue para sua condução de retorno. Antes do embarque, abastece sua avariada ferramenta de trabalho com um pouco de pão, água e esperança, seja num dia menos sufocante, seja numa morte menos dolorosa como esta.

Voltando pra casa...

Um tempinho pra relaxar sempre é bom. Rever alguns amigos, fazer outros novos... Aproveitei bem meu projeto de férias (já que o calendário da UFPE tá ainda meio confuso por conta da greve...) pegando uma prainha em Porto de Galinhas, um paraíso tropical no litoral Pernambucano. Porém, aproveito desde já o espaço para fazer uma queixa: CARACA, COMO PODEM ALGUNS SERES (DES) HUMANOS POLUIR UM AMBIENTE TÃO BELO E ÚNICO? Pela manhã, latas, garrafas e outras dezenas de objetos jogados em plena praia, sem dó nem piedade. O interessante é que escutei alguns argumentos que tentavam justificar tal atitude: "Mas não têm gari aqui? Eles são pagos para trabalhar mesmo." Ou ainda: "Isso é culpa do governo! Quem já se viu!" E, aproveitando que estou pagando uma cadeira de introdução a fotografia, tentei captar tal realidade. Vejam só as fotos. (Silêncio no recinto...).


terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Recomeçar

Ano novo, texto novo... Já tinha algum tempo que não parava para escrever algo. Acho que voltei na hora certa. :)

Parece que sai do casulo, amigo. Meus dedos enferrujados espreguiçam-se e sinto novamente aquela sensação estranha de maternidade invadindo meu corpo, tomando minhas veias e entupindo meu coração e pulmões de ar fresco, ar repleto de oxigênio nascente, inundando o mundo e a mim mesmo. Há quanto tempo não nos víamos, hein? Nós, que tantas dores e amores dividimos, que em tantos momentos sorrimos e choramos... Pena que pouca coisa mudou desde a última vez que te vi. Os homens ainda buscam fogo e a guerra perdura nas almas abandonadas de nossa infeliz espécie. Há se tudo houvesse mudado... Mas repito, pouca coisa mudou. Meus olhos também não são mais os mesmos. Sinto que estão mais cansados e minhas pernas também, assim como meus ouvidos, meus braços... Amigo, ainda vale a pena permanecer aqui, nessa esfera azulada que gira e não consigo acompanhar, e gira e gira.... O ar falta em meus pulmões e peço um café. Não, melhor dois, o cansaço é tanto... Não sei por que, mas ultimamente a saudade me persegue impetuosa, como um cão sarnento, entre as ruas, as esquinas, persegue-me incansavelmente. E eu giro, giro, mas sou tão pequenino, tudo é imensidão. As nuvens me divertem... Voltar a escrever desde... Desde quando mesmo? Não importa, é hora de recomeçar. O céu se enche de cores e formas de todos os tipos, estrondos, suspiros... Papel e caneta, coração e mente, tudo uma coisa só. Imagine se cada letrinha que escrevo tivesse o poder de ser o que gostaria que fosse, estar onde gostaria que estivesse? Coisa estranha, hein? Melhor é deixá-las livre, assim, circulando pelos quatro cantos do planeta, pelos milhares de outros universos paralelos... Liberdade: minha meta para 2007. “Irmãos: nesse ano que adentra buscaremos sem medir esforços essa desejada maravilha, esse elixir sagrado. E digo mais: tudo é permitido, desde que nada prejudique o próximo”. Porém deixemos que o tempo cultive as promessas e as sementes do amanhã, paciência... Mas agora, com a sua licença, amigo, vou-me embora que já é tempo de despertar para a vida, sabe como é... Coisas de gente grande. Até mais!

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Sem eira nem beira - Prólogo

Alô, alô... Primiero post!! Sem muitas delongas, agradeço muito a um irmão meu, Aristóteles Cardona(http://propalando.blogspot.com), por ter me acudido na elaboração desse blog . No mais, feliz ano novo e até breve!!


Partida. Dá-se a partida para o grande espetáculo. Já ocupam seus respectivos lugares os impacientes espectadores? Tudo pronto? Então, vamos em frente!
Um texto: junções de termos, preposições, artigos, adjetivos, substantivos. Tantas são as possibilidades... Confundo-me. As palavras já não me pertencem. Foram minhas um dia? O que desejo!? Não me recordo... Deixo as ondas, então, levarem com o vento os poucos pensamentos soltos no ar.
Segunda marca, segunda volta. Nesse momento, as idéias remexem, reviram-se por todas as partes em busca de abrigo. Não tenho medo. Passo. Repasso. Retorço. Refaço. Marcha ré...

Voltam às flores, os amores, os verões. Sem eira nem beira sigo por ai, desatento. Ou melhor: atento aquilo que não merece mais a atenção dos desatentos que atentam as macro-explosões de vida. Tudo é tão enorme... Mas onde fica a saída, pelo amor de Deus?!