terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Até que enfim!!

Rapaz, tava tentando atualizar esse blog há um tempão!! Mas chega de lamúrias!! De agora em diante toda semana adionarei material novo no blog, sem enrrolação.
Ainda percorrendo os sombrios abismos de minha memória virtual, mais um textinho "das antigas"...

Quando os heróis envelhecem

Como a finitude é cruel. Desejamos ser eternos, inacabáveis. Almejamos o sucesso infinito, o brilho nunca ofuscado. Envelhecer dói. A morte do velho companheiro, as lágrimas que escorrem sobre as já mofadas fotografias... O tempo é absoluto. Engole-nos feito um dragão.

Pior ainda é saber que seu herói envelheceu. Isso mesmo: heróis envelhecidos. Para qualquer criança, esta idéia pareceria loucura, devaneio:

- Heróis na envelhecem, diria uma delas em tom de revolta. Isso até a algum tempo, para mim, também era claro como a água. Porém, vi com esses olhos que, brevemente, a terra há de comer, uma figura tristonha, senil, cansada. Era ele. Carregava em uma das mãos a bengala e, na outra, o batido casaco. De início, não quis acreditar. Jurei que o que estava ali era apenas um senhor de idade, um simples mortal. Mas não era. Parou, lentamente se virou em minha direção e olhou-me fixamente. Aqueles olhos eram inconfundíveis. Não esbocei reação. Fiquei estático, apreensivo. Ele, com muita destreza, caminhou vagarosamente com auxílio de sua bengala até minha pessoa. Cansado, respirou um pouco e disse em voz muito baixa:

-Não está me reconhecendo?

-Claro! Claro que estou!

-E por que a surpresa?

-Não sei... Achei que... Você sabe... Ficar velho não fosse coisa de herói.

-Todos pensam isso. Não o culpo. Quem dera fosse verdade... Mas a realidade é dura. Dura e cruel. Sim, nós envelhecemos. Envelhecemos quando nos tornamos desnecessários. Quando a humanidade progride e esquece suas raízes, que somos nós, acabamos assim, meramente mortais.

-Mas e as crianças? Elas não procuram mais por vocês?

-Meu amigo, a quem interessa saber sobre velharias? Esses jovens não ligam mais para a fantasia, pois tudo hoje é desvendado. O mistério da vida teve fim.

-Sabe o que é o pior disso tudo?

-O que?

-Tenho que concordar com você...

-Vai ver que é por isso que você também envelheceu... Bem-vindo ao clube!

-Tem uma bengala dessa aí sobrando?

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Recordar é (sobre)viver

Encontrei esse texto numa das esquecidas gavetas que minha memória costuma revisitar de vez em quando...

Evangelho Rural

Amanheceu. Não aquele despertar bucólico com flores, pastores e musas. Uma simples manhã para um simples cidadão do campo. Ele levanta-se com a mesma esperança e dedicação dos dias anteriores. Sabe que seu sustento depende unicamente de sua força e vitalidade.

Ao transitar por sua pequena residência, nada muito luxuoso- um quarto, algumas tralhas, sua mulher e filhos- procura os apetrechos necessários para manutenção de sua ferramenta mais importante: seu corpo. Lava-o, alimenta-o e o reveste com a armadura desgastada de um cavaleiro da colheita.

Após se equipar devidamente, espera sua condução. Trata-se de um coletivo nada confortável, com velhas poltronas e um antigo rádio cedido gentilmente pelo já mui cansado motorista. Durante o percurso, o fatigado operário rural ouve melodias em estranhos idiomas mas, mesmo assim, as cantarola quase que mecanicamente. Seus pensamentos fazem referencia a quase nada, apenas ao receio de não mais ser útil e necessário ao seu superior.

Destino alcançado, desembarca ele em seu campo de batalha. Nada de descanso, apenas corte colheita corte colheita, o dia todo, todo dia. Com a foice na mão esquece aquele tenebroso juízo no qual tornara-se inválido. Lembra-se agora de seus muitos filhos, da depauperada esposa, dos sonhos que nunca alcançou, das possibilidades futuras, de tudo. Tenta com isso evadir-se daquele universo escravista que suga como um vampiro suas limitadas reservas energéticas.

Fim de tarde. Já bastante exausto, segue para sua condução de retorno. Antes do embarque, abastece sua avariada ferramenta de trabalho com um pouco de pão, água e esperança, seja num dia menos sufocante, seja numa morte menos dolorosa como esta.

Voltando pra casa...

Um tempinho pra relaxar sempre é bom. Rever alguns amigos, fazer outros novos... Aproveitei bem meu projeto de férias (já que o calendário da UFPE tá ainda meio confuso por conta da greve...) pegando uma prainha em Porto de Galinhas, um paraíso tropical no litoral Pernambucano. Porém, aproveito desde já o espaço para fazer uma queixa: CARACA, COMO PODEM ALGUNS SERES (DES) HUMANOS POLUIR UM AMBIENTE TÃO BELO E ÚNICO? Pela manhã, latas, garrafas e outras dezenas de objetos jogados em plena praia, sem dó nem piedade. O interessante é que escutei alguns argumentos que tentavam justificar tal atitude: "Mas não têm gari aqui? Eles são pagos para trabalhar mesmo." Ou ainda: "Isso é culpa do governo! Quem já se viu!" E, aproveitando que estou pagando uma cadeira de introdução a fotografia, tentei captar tal realidade. Vejam só as fotos. (Silêncio no recinto...).


terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Recomeçar

Ano novo, texto novo... Já tinha algum tempo que não parava para escrever algo. Acho que voltei na hora certa. :)

Parece que sai do casulo, amigo. Meus dedos enferrujados espreguiçam-se e sinto novamente aquela sensação estranha de maternidade invadindo meu corpo, tomando minhas veias e entupindo meu coração e pulmões de ar fresco, ar repleto de oxigênio nascente, inundando o mundo e a mim mesmo. Há quanto tempo não nos víamos, hein? Nós, que tantas dores e amores dividimos, que em tantos momentos sorrimos e choramos... Pena que pouca coisa mudou desde a última vez que te vi. Os homens ainda buscam fogo e a guerra perdura nas almas abandonadas de nossa infeliz espécie. Há se tudo houvesse mudado... Mas repito, pouca coisa mudou. Meus olhos também não são mais os mesmos. Sinto que estão mais cansados e minhas pernas também, assim como meus ouvidos, meus braços... Amigo, ainda vale a pena permanecer aqui, nessa esfera azulada que gira e não consigo acompanhar, e gira e gira.... O ar falta em meus pulmões e peço um café. Não, melhor dois, o cansaço é tanto... Não sei por que, mas ultimamente a saudade me persegue impetuosa, como um cão sarnento, entre as ruas, as esquinas, persegue-me incansavelmente. E eu giro, giro, mas sou tão pequenino, tudo é imensidão. As nuvens me divertem... Voltar a escrever desde... Desde quando mesmo? Não importa, é hora de recomeçar. O céu se enche de cores e formas de todos os tipos, estrondos, suspiros... Papel e caneta, coração e mente, tudo uma coisa só. Imagine se cada letrinha que escrevo tivesse o poder de ser o que gostaria que fosse, estar onde gostaria que estivesse? Coisa estranha, hein? Melhor é deixá-las livre, assim, circulando pelos quatro cantos do planeta, pelos milhares de outros universos paralelos... Liberdade: minha meta para 2007. “Irmãos: nesse ano que adentra buscaremos sem medir esforços essa desejada maravilha, esse elixir sagrado. E digo mais: tudo é permitido, desde que nada prejudique o próximo”. Porém deixemos que o tempo cultive as promessas e as sementes do amanhã, paciência... Mas agora, com a sua licença, amigo, vou-me embora que já é tempo de despertar para a vida, sabe como é... Coisas de gente grande. Até mais!

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Sem eira nem beira - Prólogo

Alô, alô... Primiero post!! Sem muitas delongas, agradeço muito a um irmão meu, Aristóteles Cardona(http://propalando.blogspot.com), por ter me acudido na elaboração desse blog . No mais, feliz ano novo e até breve!!


Partida. Dá-se a partida para o grande espetáculo. Já ocupam seus respectivos lugares os impacientes espectadores? Tudo pronto? Então, vamos em frente!
Um texto: junções de termos, preposições, artigos, adjetivos, substantivos. Tantas são as possibilidades... Confundo-me. As palavras já não me pertencem. Foram minhas um dia? O que desejo!? Não me recordo... Deixo as ondas, então, levarem com o vento os poucos pensamentos soltos no ar.
Segunda marca, segunda volta. Nesse momento, as idéias remexem, reviram-se por todas as partes em busca de abrigo. Não tenho medo. Passo. Repasso. Retorço. Refaço. Marcha ré...

Voltam às flores, os amores, os verões. Sem eira nem beira sigo por ai, desatento. Ou melhor: atento aquilo que não merece mais a atenção dos desatentos que atentam as macro-explosões de vida. Tudo é tão enorme... Mas onde fica a saída, pelo amor de Deus?!