domingo, 15 de julho de 2007

Novidade...

Voltar a escrever sempre é bom. Anima, dá disposição, rejuvenesce. Mantenho o dito: Quem ainda passa por aqui pra trocar uma idéia ou matar o tempo, sintam-se a vontade. Para os novatos, bem-vindos.

Divirtam-se...

Ordem & Caos

Ela já não suportava mais aquilo tudo...

O cheiro era insuportável. Tudo, absolutamente tudo, fedia a podridão. O lixo acumulava-se já no portão de entrada como que anunciando aos visitantes o estado deplorável daquela construção. Imensas manchas acinzentadas cobriam as paredes, todas elas, impondo ao ambiente uma densidade gótica, porém em sintonia com as pessoas daquele lugar... as flores, as árvores, os animais... pareciam conectados, imbricados por uma teia venenosa que os roubava a energia, a vontade de viver. Motos-vivos, o que eram. Todos eles.

Exatamente nesse dia resolveu chegar um pouco mais cedo. Tomar um banho demorado, acender um cigarro, beber umas doses a mais, afinal de contas, as coisas haviam melhorado. Emprego novo, novo amor, vida menos carregada. Stones na vitrola, banheira na temperatura certa, mesa posta. Questão de minutos, segundos talvez. Tudo depende do referencial, pensou. Podíamos viver todos os dias nesse ritmo leve, manso. Para ela, aquele instante mostrava-se infinito, divino. Preferiu esquecer disso, tinha medo que algo de ruim estragasse sua noite. Felicidade, o que cultivaria. E só.

Perfeição. Dificilmente alguém não exclamaria tal afirmação ao passar por aquelas portas colossais. Pureza, leveza, imensidão. As cores em consonância com as formas, as texturas... nem mesmo alguns dos palácios mais belos dos séculos passados poderiam agregar tamanha imponência. Desde a primeira passada, desde o primeiro olhar sentia-se uma emoção cáustica, suprema, indecifrável. Tudo, tudo ali, diante dos olhos daquela gente magistral... Príncipes, o que eram. Todos eles.

O peso daquelas sacolas quase lhe partiu os ombros. Pedras, era o que carregava. Na verdade, o que sempre carregou, toda a vida, dia após dia. Depois de jogá-las no meio da sala, lembrou-se de respirar um pouco, poderia até sentar-se alguns minutos não fossem os gritos pavorosos vindos da sala clamando-lhe a presença. Vagarosamente, como um sábio que desperta depois de anos em sono profundo, deslocou-se até lá, estendeu os braços lembrando um profeta e fez com que tudo fosse silêncio novamente. Naquele instante, foi como se o universo por inteiro ouvisse suas clemências, suas súplicas viscerais. Tudo se fez nada, então. De príncipes a plebeus, da podridão a pureza, tudo. Anjo, o que era. E só.

Felicidade, estado permanente de alma...